O Web Summit Rio, realizado no Riocentro, superou as expectativas ao se tornar uma semana repleta de inspiração, reflexão e encontros transformadores. Uma ampla variedade de palestras abordou temas como inteligência artificial (IA), dados, machine learning, marketing, liderança, ESG, empreendedorismo feminino, futuro das finanças, entre outros.
Mas, como já esperado, a programação teve grande destaque para a IA. O tema foi o centro das discussões, com diferentes abordagens e perspectivas. Importante também ressaltar as várias apresentações de pitches das startups que estão desenvolvendo soluções inovadoras para diversos setores, e a força que os corredores e estandes ganharam no evento. Difícil destacar somente alguns pontos que chamaram mais a atenção dentre tantas importantes pautas, mas vou tentar resumir os que, no meu entendimento, suscitaram mais discussão.
No primeiro dia, a grande expectativa era sobre o que seria abordado no debate “Marketing em 2025”. O painel discutiu as funções da IA no marketing e destacou a necessidade do equilíbrio entre eficiência e criatividade. Enquanto a IA promete automatizar tarefas repetitivas e aumentar a eficiência, os participantes enfatizaram que o papel humano na geração de ideias e criação de conexões emocionais continua insubstituível. “Nossa tarefa será mais fácil, eficiente e menos entediante, pois a IA nos permitirá focar em resolver problemas reais e escrever o futuro”, afirmou Jeff Geheb, da VMLY&R, um dos palestrantes.
Foi colocada ênfase na construção de conexões autênticas e verdadeiras com os consumidores. Em um mundo onde identidade e valores são cada vez mais valorizados, as marcas têm a responsabilidade de ajudar a humanidade a superar desafios e reestabelecer conexões emocionais genuínas. “Somente uma marca forte engajará”, alertou Renata Bokel, da WMcCann, também painelista.
Um ponto importante também colocado foi que com a iminente extinção dos cookies de terceiros, a coleta e o uso de zero-party data tornam-se essenciais para personalizar a experiência do cliente. No entanto, ressaltaram a importância de não se limitar aos dados demográficos, mas sim compreender o contexto e os comportamentos dos consumidores para oferecer experiências verdadeiramente relevantes.
Pensando em tudo que foi falado, o marketing caminha para a combinação de tecnologia avançada e humanidade, no qual criatividade, personalização e autenticidade serão chaves para o sucesso.
A força feminina foi grande destaque no evento – nos corredores, palcos e pautas. 45% das startups presentes foram fundadas por mulheres; fomos também 47,5% dos participantes e 39% dos palestrantes. Dados inéditos desde a primeira edição mundial do evento, evidenciando progresso significativo em direção a um ecossistema mais inclusivo e diversificado.
Contudo, a reflexão da atriz e empreendedora Fiorella Mattheis, fundadora e CEO da Gringa, brechó de luxo online, chamou muito a atenção: menos de 5% das startups brasileiras são fundadas por mulheres e esse número cresceu pouco nos últimos anos. “Há uma falsa sensação de que existem cada vez mais oportunidades. Estamos tendo mais voz e a rede social e mídia passam essa sensação, mas na prática não está acontecendo. Precisamos de incentivo financeiro e investir em mulheres para que elas tirem os negócios do papel.”
O desafio de enfrentar as mudanças climáticas também foi evidenciado. Além dos debates nos palcos sobre o tema, startups de todo o mundo mostraram inovações tangíveis e promissoras em diversas áreas, demonstrando o potencial da tecnologia para construir um futuro mais verde e sustentável.
As tecnologias demonstram que soluções para as mudanças climáticas existem e estão em constante desenvolvimento. No entanto, para impactarem real e significativamente, é necessário esforço conjunto de governos, empresas e a sociedade civil, mas o Web Summit serviu como ponto importante nesse processo, gerando debates cruciais para o futuro do nosso planeta.
Não dá para deixar de citar também a visão que o evento trouxe sobre o mundo financeiro caminhando rumo à era totalmente digital, proporcionando imersão profunda nas tendências e inovações disruptivas que estão moldando o futuro das finanças, destacando o papel crucial da IA nesse cenário em constante evolução.
Foi intenso, inspirador e de ótimos encontros. Que venha o próximo.